Na última janela de transferências, o Napoli se reforçou com jogadores importantes, como os atacantes Simeone e Raspadori, e o zagueiro Kim Min-jae, substituto de Koulibaly. Porém, um nome até então desconhecido já se torna a grande sensação da equipe italiana e revelação do futebol europeu ao início da temporada 2022/23: Khvicha Kvaratskhelia.
Contratado por 10 milhões de euros do modesto Dínamo Batumi, da Geórgia, o jogador tem quatro gols e duas assistências nos primeiros seis jogos com a camisa napolitana. Entre eles, a goleada sobre o Liverpool, na Champions, com direito a grande atuação e passe para o terceiro gol da partida.
O georgiano de 21 anos tem nome de difícil pronúncia, o que gera apelidos. Os primeiros foram “Kvareca” e “Kvaradona”, em alusão ao brasileiro e ao argentino que formaram dupla de ataque histórica do clube na década de 90. O estilo de jogo de fácil drible aumentaram as ligações ao ídolo dos hermanos.
– Eu sei que Maradona significa tudo para Nápoles. Grande responsabilidade ser mencionado na mesma frase que ele. Não posso chegar perto de Maradona, mas vou dar tudo de mim para ser um grande jogador deste clube. Obviamente, eu gosto do apelido – disse Kvaratskhelia.
O treinador russo Yuri Semin, observador do atleta desde seus 15 anos, responsável por tirá-lo do Metalurgi Rustavi, da Geórgia, e levá-lo para a Rússia, lembra, em reportagem do “The Athletic”, que os georgianos, na época da União Soviética, eram conhecidos como “Brasileiros da URSS”, por conta da habilidade com a bola nos pés que os jogadores da região demonstravam.
Semin tirou Kvaratskhelia de seu país natal ainda aos 17 anos, em um empréstimo para o Lokomotiv Moscou. Após jogar pelo Rubin Kazan entre 2019 e 2021, o jogador voltou à Geórgia no início de 2022 por conta do período de ataques russos à Ucrânia.
Atuando pelo Dínamo Batumi, o jogador fez oito gols e duas assistências em 11 jogos e levou o Napoli a desembolsar 10 milhões de euros (R$ 52 milhões) por seu futebol – valor considerado baixo por um talento do futebol europeu.
O bom início de Khvicha Kvaratskhelia é um alento ao torcedor do Napoli após as saídas dos ícones Dries Mertens e Lorenzo Insigne, os dois maiores artilheiros da história do clube. A diferença entre Insigne e Kvaratskhelia, ambos que atuam pelo lado esquerdo, entretanto, é a imprevisibilidade.
Enquanto o ex-jogador da seleção italiana tem a característica de carregar para o meio, buscando o chute, o georgiano não dá pistas do que vai fazer na frente do marcador. Desta forma, encanta nas primeiras rodadas do Campeonato Italiano, que tem o Napoli ainda invicto, na segunda posição, atrás apenas da Atalanta.
Chamado de “Messi georgiano” em seu país de origem, o jogador é fã e se inspira em Cristiano Ronaldo – por isso pediu a camisa 7 na chegada ao novo clube. Com o icônico número ocupado por Eljif Elmas, ele recebeu a 77.
Kvaratskhelia é mais um grande exemplo de como os grandes talentos do futebol podem estar em qualquer lugar, evidenciando a importância de um bom trabalho de scouting e análise de desempenho.